terça-feira, 21 de agosto de 2018

A cor púrpura da luz de Cristo

Muito se fala em reavivamento, mudanças na igreja, perda de membros. Entretanto, muito do êxodo contemporâneo passa pela falta de leitura do que acontece dentro de nossas igrejas. Uma delas é a cor púrpura da luz de Cristo.



Há quanto tempo você congrega em sua igreja? E neste período, houve alguma mudança na aparência da mesma? A cor da cortina, das cadeiras, das paredes? Houve a instalação de alguma nova iluminação? A sonorização mudou? Ou quem sabe a cor do uniforme do coral? Você talvez irá me odiar ao terminar de ler este texto, mas peço que ao menos leia até ao final, pois quem sabe, abrirá a sua mente.

O ser humano e as mudanças

É amplamente sabido que o ser humano é resistente a mudanças. E isto é tão verdade que vou usar a sua vida para lhe mostrar. Imagine-se indo ao culto, entrando na igreja, sentando. Agora, imagine novamente – como se fosse outro dia de culto, você indo ao culto, entrando na igreja, sentando. Percebeu algo padronizado? Você possivelmente sentou-se no mesmo lugar. Pode ser que em outro local o som da pregação não chegue muito bem; pode ser que o frio ou calor naquela área da igreja não lhe agrade, não sei, mas se depender de você, aquela cadeira da igreja deveria ter suas iniciais, só você poderá se sentar ali.

E quando ocorre a mudança, dependendo da natureza dela, nos sentimos frustrados, até parece que a pregação não terá a mesma força, apenas pelo fato de que você sentou em outro lugar.

Continuando o nosso exercício, e se a sua igreja tivesse cadeiras de plásticos e neste culto o pastor fizesse uma surpresa e trocasse todas por poltronas? E você, sentasse na mesma posição? O quanto a mudança atrapalharia a pregação? Acredito que em situações assim, até a força do “glória a Deus” sairia bem mais ecoante pelos corredores da igreja.

O êxodo

Hoje vivemos um verdadeiro êxodo principalmente de jovens para outras igrejas – e até para fora delas. Mais e mais, menos e menos jovens permanecem na igreja original de seus pais. E esta percepção de que, a igreja ao lado é mais jovem, obriga, as vezes, até mesmo os pais terem que acompanhar seus filhos nas igrejas com luzes coloridas, música da Harpa Cristã em ritmo de rock, cultos com fiéis fantasiados por causa de “cultos temáticos”.

Se de um lado temos igrejas tradicionais na Palavra de Deus e nos ensinamentos bíblicos, com seus pastores de terno e gravata e suas pregações cercadas por dezenas de versículos bíblicos, do outro, temos pastores de bermudas e camisas de moda praia com suas pregações baseadas em um único versículo de uma Bíblia na linguagem de hoje e que, propositalmente ou não, inserem mais conteúdo contemporâneo do que “histórico bíblico”. E, se a grande massa de fiéis da igreja sem luzes for de jovens, o que teremos é um culto cada dia mais esvaziado e os remanescentes do êxodo preocupados com seus filhos – aonde estarão?

A cor púrpura da luz de Cristo

Usei este termo: “A cor púrpura da luz de Cristo”, não apenas para chamar a atenção para a leitura do fato de que, nossas igrejas, estão perdendo nossos jovens para o mundo e para igreja que, até que me provem o contrário, rejuvenescem em demasia a Palavra de Deus. E o que poderia ser uma grande vitória da fé cristã, acaba ofuscando a visão do evangelho, trocado também por algumas batidas sonoras mais graves.

Há bom exemplos de igrejas que se reinventam e conseguem manter e até mesmo atrair mais jovens para seus ministérios? Sim, claro que sim. Contudo, há muito mais joio em meio ao trigo. Há muito mais desejo por números do que de fato, conversões genuínas.

A cor púrpura, embora atrativa, poderá ofuscar até mesmo aquele que outrora foi exemplo de um jovem apaixonado pelas Sagradas Escrituras. E se em meio a isto, o gelo seco, e as companhias os satisfizerem, sua visão conturbada verá a Cristo, mesmo Ele - Cristo, não se alegrando com todas as coisas.

Criticar é fácil. Mostre-me a solução!

Sempre que escrevo um texto de crítica relacionada ao cristianismo, não deixo de tentar expôr alternativas as mesmas. Se serão as melhores, não sei. Mas, sei que tudo tem dois lados. E assim como existe o céu, também existe o inferno. Quando temos problemas, temos soluções.

Minha humilde sugestão é que a “cor púrpura da luz de Cristo” seja utilizada em todas as igrejas. Entretanto, nos momentos mais solenes, como a pregação, ela deve ser evitada. Contudo, uma luz branca, suave, sobre a figura do pastor, fornecerá uma visão adaptativa à pregação. Pois ali, naquele ponto de luz, emanará apenas a figura do pastor.

Os irmãos, não ficarão olhando para os lados, pois não saberão ao certo o que está acontecendo ali. As crianças, eximias corredoras, ficarão intimidadas com a escuridão. Os celulares, não serão usados, pois o raio de luz do seu monitor denunciará, fantasmagoricamente, o rosto do pecador.

Nos cultos voltados para a juventude, o uso de mais cores – além da púrpura, poderá ser usada de forma moderada e para propósitos específicos. Pois como se sabe, a ciência da cor poderá transformar um ambiente e colaborar para uma experiência mais sensitiva.

Conclusão

Uso de cores e decoração atraente em uma igreja deveria ir além de datas festivas. Um vaso de plantas no corredor de acesso, cortinas com cores mais fortes – não confundam com cores “cheguei”, poderá mudar a cara da igreja e adaptá-la aos novos tempos em que nossos jovens são atraídos pela luz estranha, mas esquecem-se da verdadeira luz, a de Cristo.

Rogo aos senhores pastores: Prefiram mudar as cores das luzes dos corredores e altar, do que perder membros para igrejas que mais parecem boates – mesmo gospel. Prefiram, receber algum técnico em iluminação e ver o projeto e considerar o bem da sua igreja, do que pregar para um culto de jovens em que, os ainda firmes aos preceitos bíblicos, não falam de sua igreja com zelo, pois a veem com arcaicas.

Vou finalizar com um pensamento que deveria ser a espinha dorsal de todo o texto. Talvez este servo inútil, deveria ter escrito apenas este pensamento, mas, o gemido da alma, não contentar-se-ia. Então, sem mais delongas, grave a frase:

"Não é mudando a cor da luz, que você mudará os princípios bíblicos que tanto honra."

Autor: Lucas Filho

sexta-feira, 3 de agosto de 2018

A novela, a Bíblia e o perdido

Pixabay
 
Autor: Lucas Filho

Faz tempo que não escrevia um texto meu. Querer negar isto não seria justo. Desejar não escrever, mais pareceria uma loucura. Entretanto, aproveitando as batalhas cardíacas que vivemos, dentre muitas, resolvi escrever este texto para expor a minha opinião sobre um tema controverso para muitos, e para outras que se quer abrem as suas bocas para debater. No final, quem ganha ou quem perde? Cristo!

A novela

O que lhe vem a sua mente quando alguém fala a palavra: novela? Talvez, saudosista, lembre-se de novelas de época, épocas que poderíamos reunir as famílias e assistir histórias destinadas ao herói sem mácula, apenas querendo justiça, ou o amor de um pai por sua família trabalhando arduamente pelo pão de cada dia. Mas hoje, o que vemos? Não, não irei aqui descrever o que vemos, chamarei a sua atenção para o que perdemos. Perdemos a pureza, nomes como Raimundo Francisco, Ana Maria, foram trocados por nomes mais sofisticados voltados aos estrangeirismos das novelas mexicanas. Personagens ambíguos nos quais sempre fica a dúvida se ele é o vilão ou o mocinho. E até parece que a síndrome de “Darth Vader” há tempos rompeu as viagens interplanetárias e pousou em nossas televisões aonde vemos claramente pessoas torcendo pelo vilão ou ao menos não pondo nele a culpa de seus pecados.

E, a medida que os anos foram passando, esvaiu-se a vergonha. Antes, beijos não mais do que três segundos, hoje, corpos nitidamente nus, alcançam picos cada vez maiores de audiência tupiniquim. “É a realidade!” – dizem eles… Não na minha casa. Não fico de abraços inefáveis com minha esposa na vista dos meus filhos. Mas diferente do que eu penso, muitos pais abrem a janela do circo de horrores do horário nobre.

Jesus

“Jesus”, é o título da novela em questão, o motivo pelo qual me sentei diante desta página em branco para preencher com um pouco de texto sobre a importância – ou não, de termos uma novela com tema bíblico em nossa casa. Entretanto, antes de entrar no mérito da questão, me permita discorrer um pouco sobre a novela em si.
A novela está sendo escrita por Paula Richard, a mesma que escreveu as novelas Os Dez Mandamentos e O Rico e Lázaro. Embora se tenha muito material a ser escrito – vide Bíblia, a autora declarou que algumas interações seriam necessárias para embasar a história.
A gente criou histórias para as pessoas. Por exemplo, Judas Tadeu, não se sabe nada sobre ele, então a gente criou uma história. Simão Zelote, também não tinha nada, então foi criada uma história bacana para ele. Então é aquela coisa, faz as ligações, por acaso Simão Zelote tem que ser irmão de Barrabás. O pessoal vai achar que está na Bíblia. Não está na Bíblia, mas também não está que não era. O respeito à Bíblia é total, agora, o que não tem lá a gente inventa”, declarou Paula.
Só esta declaração poderia desmoronar qualquer expectativa de termos uma novela 100% fiel a Palavra de Deus. Entretanto, não tire conclusões precipitadas, leia esta postagem até o fim.

Não estou acompanhando fielmente todos os capítulos, mas algo que eu vi foi uma cena que no início poderia chamar de heresia. Maria e José já estavam bem, o anjo já havia consolado José e ele e Maria estavam dormindo. Eles acordam com um barulho e quando José se apronta para sair da casa que estavam, Maria o alertou sobre fumaça. A casa estava sendo incendiada por homens que moravam nas proximidades. O motivo, o “adultério” de Maria. Podemos então ler na Bíblia que nada disto está escrito, mas vamos fazer uma análise da cultura do povo e região que viviam naquela época.

O adultério era algo odiado pelo povo, tanto que mulheres flagradas em adultério eram apedrejadas. Mas, se o marido a aceitou deste crime, como o povo reagiria? Bom, na surdina da noite, quando dormiam, será que um radical não poderia simplesmente ir até a casa deles e tentar matá-los? Claro que sim.

Uma outra coisa a levar em consideração é a licença poética:
De acordo com o dicionário Houaiss, o termo “Licença Poética” é definido como:
liberdade de o escritor utilizar construções, prosódias, ortografias, sintaxes não conformes às regras, ao uso habitual, para atingir seus objetivos de expressão”. Está presente na literatura, música e também nas propagandas.
Fonte: https://www.infoescola.com/literatura/licenca-poetica/

Católicos repudiaram veementemente a cena do nascimento de Jesus. O motivo? Maria gemeu de mais com dores de parto e, segundo a tradição católica, ela não sentiu dor. Veja que coisa, a mensagem da morte de Cristo pode não alcançar mais pessoas pelo fato de a personagem representar o nascimento de Cristo com dores de parto. Coloque isto em “uma balança” e veja a importância de cada uma delas e tome a sua opinião.

Quem algum dia sentou para escrever um texto, principalmente ficção, faz muito uso disso, ou será que nunca leu os livros (assistiu aos filmes) das Crônicas de Nárnia? Ou será que nunca leu o meu livro A Cidade? (clique aqui). Observe que a citação da autora, mais acima nesta postagem, está em acordo com o escrito agora sobre licença poética.

A Bíblia

Sou péssimo em decorar livros, capítulos e versículos da Bíblia, reconheço isto. Talvez me falte mais leitura ou um curso de memorização. Mas isto não quer dizer que eu não saiba de nada. Nem troque meus momentos com Deus em detrimento a coisas que não edificarão a minha fé. Mas o que eu quero é que você caro leitor, entenda o meu ponto de vista em relação não a novelas de uma forma geral, mas novelas, filmes, mini-séries que trazem uma mensagem, um insight, sobre Deus. Veja a passagem que está em Filipenses 1:18:
Mas, que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro. De fato, continuarei a alegrar-me,

Filipenses 1:18
"Mas que importa? O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro. De fato, continuarei a alegrar-me" [...]
Entretanto, isto não é desculpa para unir trevas e luz. Mas será que a novela só terá heresias? Será que Jesus na verdade vai aparecer casado com Maria Madalena e fugiu com ela não ressuscitando ao terceiro dia? Bem, acredito - e espero, que não.

Vou indicar um exemplo prático. Você tem nove irmãos que moram em cidades e/ ou bairros diferentes e distantes um dos outros. Você, por mais que ame todos eles, não teria como ficar em suas casas de segunda a sexta, durante duas horas, explicando a vida de Jesus do seu nascimento até a sua ressurreição. Os motivos são vários: a distância, o recurso financeiro, o seu tempo e o tempo deles e o mais agravante: se eles iriam lhe receber para falar só sobre isso.

Mas se eu lhe mostrasse que tem uma forma de você evangelizar não só este pequeno grupo mais sim centenas, milhares de pessoas ao mesmo tempo em diversas partes do Brasil do norte a sul? Como? Arrebatamento? Não. Indicação. Divulgando a novela, por mais que fantasiosas micro-histórias possam não aparecer relatadas na Bíblia, a essência estará lá: Jesus Cristo morreu para nos salvar.

O perdido

O perdido, é aquela pessoa que não aceitou a Cristo como seu único e suficiente salvador. É aquele que diz: “Mas eu já tenho Deus no meu coração”, todavia, não consegue abandonar o pecado. Perdido é aquele que já até pode ter lido a Bíblia, mas se a Bíblia não está sendo vivida, pode ler até mais umas duzentas vezes que de nada vai adiantar. Perdido, é aquele que conhece a Cristo de “ouvir falar”, mas nunca teve uma experiência verdadeira e profunda com Ele. Perdido é aquele, que nasceu em uma determinada religião e bate de pé junto que não mudará, este não faz isto, pois tem medo de que seus pecados sejam “visto” por Deus; ledo engano, Deus tudo vê.

Então façamos uma estratégia. Indique a novela para quem deseja evangelizar e aos poucos vá evangelizando levando os temas apresentados na novela. Por exemplo, Maria gemeu ou não na hora do parto? Bem, está pergunta está na mesma categoria da “E Adão, tinha ou não umbigo?”. Ou seja, perguntas que não influenciarão para a salvação de ninguém.

Indicando a novela e indo visitar a pessoa no final de semana, ou mandando uma mensagem indicando o que está ou não na Bíblia nos capítulos que passaram, você poderá, estando em oração sempre, discipular melhor aquela pessoa.

Será ótimo também para aquelas pessoas que não enxergam bem a Bíblia que tem, ou não tem Bíblia, ou não sabem ler, ou tem preguiça de ler, ou se atentam mais a estímulos visuais. Perceba que a aplicação deste recurso – novela, filme ou algo do tipo, pode ser uma benção na mão de evangelistas e discipuladores que encaram o “Ide” não como um favor a Deus, mas um prazer inenarrável em fazer parte da salvação de uma alma.

Conclusão

Nós, evangelistas, temos que usar de todas as nossas forças para levar o evangelho de Cristo aos perdidos. Lembrei muito de uma das parábolas encontradas na Bíblia quando comecei a escrever esta postagem: A parábola do mordomo infiel (Lucas 16.1:13). Nela um mordomo sabendo que seria expulso da casa do seu senhor, logo maquinou uma maneira de ser aceito em outras casas. O versículo chave para esta passagem é:
E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz.
Ora, se as novelas estão aí para levar o pecado para a nossa sala, que tal aproveitarmos “uma novela” para evangelizar? Será que Deus nos puniria por isso? Se sim Jesus usava de parábolas para ensinar ao povo, o que nós fazemos? Seremos aqueles que ficam em pé lendo versículo por versículo repetindo a frase: “Jesus te ama e tem um propósito na tua vida!” eternamente? Claro que não. Ser criativo, inovando a cada mensagem – não distorcendo, inovando; adequando ao público que o ouve é certamente o melhor evangelismo.

Lembro da primeira vez que entrei em um bar e falando com um grupo que estava sentado à mesa, pedi para que um deles me desse uma dose (um copo com cachaça). Não sei quem ficou mais apático, se o homem que eu pedi ou os outros irmãos que nunca me viram fazer isto. Depois usei de uma dinâmica e ao final o sorriso constrangido daquele homem entendendo a mensagem do que era pecado foi gratificante.

Ou da outra vez que, também em um bar, consegui parar um jogo de sinuca e os que estavam ali, reorganizaram as cadeiras para ouvir um irmão louco (eis-me aqui), comparar a nossa vida como uma mesa de sinuca sendo Jesus a bola branca, o taco nossa oração, que quando com fé é usada ele – Jesus, joga todos os nossos pecados para o buraco. Será que vou para o inferno por ter feito esta comparação? Ou será que lá, no livro da vida, estará a frase de um dos jogadores que disse: “Irmão, eu hoje, depois de muitos anos, entendi o que esta passagem quer dizer.”

Portanto meu amado irmão e irmã, se desprenda do conformismo, o evangelismo é muito maior do que muito o que aprendemos na vida. Não estou dizendo que deixe a sua Bíblia de lado, isto nunca, jamais. Digo que pegue a sua Bíblia e vá atrás de levar a Palavra de Deus aos perdidos, mesmo que tenha que sentar ao seu lado para assistir uma novela.

Que a graça de Deus seja convosco. Amém.