segunda-feira, 6 de maio de 2013

Casa de Deus ou casa de shows?

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Já tinha ouvido muito falar de igrejas que fazem uso de diversas ações para atrair mais membros principalmente jovens. Entretanto, será que estas “igrejas” sabem o limite para cada uma dessas ações? Será que os membros estão por lá pelo sacrifício de Jesus Cristo, ou estão ali pela diversão que estas proporcionam? Será que uma “noite brega” com direito a músicas diversas – não gospel em sua maioria, são dignas de serem executadas em uma igreja? Será que o sacrifício de Jesus Cristo só vale uma noite caribenha?

Primeiro quero deixar claro que eu sou, orgulhosamente falando: um novo convertido! Aleluia!!! Este título – novo convertido, ainda recebeu um complemento: falso moralismo. Então, eu sou o que se pode dizer de “um novo convertido de falso moralismo.” E glorifico a Deus por isso todos os dias de minha breve vida evangélica. Ao continuar a ler este texto você vai saber como ganhei este título.

Há alguns meses atrás, passei por uma situação o tanto quanto diferente. Deixei uma de minhas sobrinhas em uma igreja evangélica localizada no bairro que ela mora. O murmuro da família de minha sobrinha era que neste dia haveria uma festa na igreja. Imaginei então em um show gospel, pois, como era para a juventude pensei em músicas da Aline Barros, Hebrom, Fernandinho e etc. Até então tudo bem, mas o que estava lá era bem diferente.

“Vamos começar a noite mais brega da Jurema. Vamos chamar agora a banda Gatinhos do Brega.”

Sim. Foi desta forma que de cima do altar da igreja, um jovem anunciou a festa brega que se iniciava dentro da Igreja Cristã Evangélica localizado no Bairro da Jurema (Caucaia-Ceará).

Minutos antes, assim que deixei minha sobrinha, vi jovens vestidas a caráter para uma festa brega. Uma menina me chamou a atenção, com uma blusa colorida e de minissaia, complementava o quadro uma meia rosa choque. Pensei então que, poderia ser uma nova convertida, uma visitante da igreja que, pela folia, se aventurou a vestir-se assim. Por outro lado pensei: E se há tempos ela frequenta esta igreja? Ela saiu do mundo e o mundo não saiu dela?

Entrei e procurei o pastor da igreja o qual me levou para um local reservado onde iniciamos a nossa conversa. Não dava para negar a igreja a qual me congrego pois neste mesmo dia vinha do evangelismo e estava com uma blusa com a logomarca da igreja Canaã. Comecei perguntando o motivo da festa brega e se não seria isto algo errado a fazer dentro de uma igreja. Percebam que não o acusei de nada, quis ouvir a sua versão da história. O pastor então me disse que não havia problema algum nisso. Pois o brega era apenas um estilo de música e não faria mal algum. Perguntou-me então se eu sabia que havia músicas bregas gospel... claro que sim – respondi, só tinha um detalhe que talvez ele não tenha se apercebido.

A decoração da igreja

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A música influencia muito na espiritualidade das pessoas. Percebam que nos cultos, a música é usada para que possamos “nos ligar” mais facilmente a Deus. E não tenho nada contra músicas bregas gospel (embora eu entenda como brega, músicas antigas). Entretanto, quando eu estava entrando na igreja, pude perceber que a decoração da mesma era de discos de vinil espalhados pelas paredes da igreja. Mas, estes discos não eram de cantores gospel, então o que faziam estes por ali? Perguntei então ao pastor se era uma festa brega gospel, porque os discos que decoravam a sua igreja não eram de cantores gospel. A resposta foi apenas um sorriso. Além disso, jogos de luz e gelo seco (fumaça), dava ao altar um ar de palco de show e não de algo consagrado a Palavra de Deus. Entendam que há igrejas que usam isto em algumas apresentações teatrais ou quando usam de músicas gospel, mas para músicas não gospel acho meio esquisito.

A poesia é o que importa

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Nossa conversa ficava cada vez mais acirrada, e o mais incrível era como eu me encontrava. Conheço-me muito para saber que, em uma discussão, inicio uma gagueira sem precedentes. Transpiro, perco o controle e gesticulo demasiadamente. Mas nesta ocasião, me mantive sereno todo o tempo, foi algo como se naquele momento Deus estivesse presente ali.

O pastor então tentou argumentar que não havia mal algum em escutar Caetano Veloso pois a poesia é que importava. E haviam muitas músicas seculares (não gospel) que falavam muito mais de Deus ou de amor do que algumas músicas gospel. Concordo plenamente com esta afirmação, mas não é por isso que vou ouvir estas músicas. Uma prova disso está na letra abaixo:

O trem das onze – Raul Seixas

Ói, ói o trem, vem surgindo de trás das montanhas azuis, olha o trem
Ói, ói o trem, vem trazendo de longe as cinzas do velho éon

Ói, já é vem, fumegando, apitando, chamando os que sabem do trem
Ói, é o trem, não precisa passagem nem mesmo bagagem no trem

Quem vai chorar, quem vai sorrir ?
Quem vai ficar, quem vai partir ?
Pois o trem está chegando, tá chegando na estação
É o trem das sete horas, é o último do sertão, do sertão

Ói, olhe o céu, já não é o mesmo céu que você conheceu, não é mais
Vê, ói que céu, é um céu carregado e rajado, suspenso no ar

Vê, é o sinal, é o sinal das trombetas, dos anjos e dos guardiões
Ói, lá vem Deus, deslizando no céu entre brumas de mil megatons

Ói, olhe o mal, vem de braços e abraços com o bem num romance astral
Amém.

Raul Seixas possui em muitas de suas músicas uma inclinação para a espiritualidade. O problema é que, pela sua vida fora das letras de suas músicas, não podemos afirmar de que “deus” ele fazia menção.

Foi neste momento, em que Luiz Gonzaga - o rei do baião, cantarolado pelo pastor entra em ação. Cantarolando um das músicas do referido cantor, entoava em tons baixos e altos a música que reconheço ser bela em sua letra. Mas, em uma resposta vindo do fundo de minha alma eu disse: “Pastor. Você sabe onde eu escuto esta música? É na mesa de um bar e não em um altar na Casa do Senhor.

A face do erro se mostra na ignorância

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A conversa passou a ficar mais acirrada quando “o homem de Deus” iniciou de forma abrupta e intimidatória, a bater a ponta de seu dedo entre os meus peitos afirmando que eu não poderia vir a igreja dele com falso moralismo. E afirmou que na minha igreja também haviam pecadores. Citou o nome do historiador Jeová Mendes e o que eu achava do mesmo. Neste minuto disse a minha opinião sobre o referido historiador: “Um sem noção! Que vai para o programa do Jô e diz que, quando José perguntou a Maria o que fariam se encontrassem um soldado de Herodes em sua fuga, Jesus Cristo – ainda recém-nascido, disse: A verdade.” Mas falou com um voz irônica ridicularizando o nome de Jesus. Nunca me esqueço deste e outras fatos envolvendo este historiador.

O pastor então disse que o convidou para uma palestra em sua igreja e o referido historiador, disse que a sarça ardente que se apresentou a Moisés, era na verdade “um pum de Deus”. E que este historiador participava ativamente do programa de rádio da igreja que congrego em Fortaleza-Ceará. E de forma mais ignorante ainda me perguntou quem eu era para falar mal de sua igreja se a minha fazia isto.

Um raio sobre as placas

Entendam que, por eu estar com uma blusa da igreja, o pastor pensou que eu estava ali em nome da mesma. Engano. Eu estava ali em nome do Evangelho de Cristo. Disse que por mim, Deus mandaria um raio em todas as placas das igrejas para que todas queimasse e fossem uma só Igreja de Cristo. Não estava ali representando nenhuma denominação, falava ali em nome de Deus, em nome do que eu acredito.

Disse ainda, que se o pastor Jecer Goes tem por amigo o historiador, o problema era dele com Deus.

Então de forma ainda mais acintosa, o pastor disse que eu não tinha o direito de vir falar como a sua igreja deveria ser – ué... a igreja é dele... pensei que fosse de Cristo, e se eu sabia quantos casais estão em adultério na igreja que congrego, mais uma vez disse que isto era entre eles e Deus.

Juventude perdida?

O pastor me perguntou se eu sabia quantos jovens entravam na igreja dele por causa de ações como estas. Disse que muitos deveriam entrar, mas o que encontrariam na mesma? Que Deus é este que permite que eles possam fazer as mesmas coisas que fazem no mundo apenas com algumas poucas restrições? Será que o sacrifício de Jesus Cristo não foi o bastante? Será que a entrega de Cristo por cada um de nós foi pouco que não podemos deixar de lado o mundo?

Falei para o pastor que, se ele desejasse fazer algo pela juventude, que os lavasse para dentro de uma comunidade, para que vissem outros jovens usando drogas e armados e a juventude levar a Palavra de Deus para estes. Isto sim é melhor do que chamar jovens para Cristo como se bastasse deixar de ouvir “a eguinha pocotó” e passar a ouvir músicas de Caetano Veloso e aqui e acolá um versículo da Bíblia. Será que alguns desses jovens conhecem uma música da Harpa Cristã mesmo em ritmo de rock?
Acesse aqui!

Foi então que o pastor também lembrou – e fez questão de falar, que a igreja também fazia as festas juninas. Sim festas juninas, não me enganei. Perguntei se as festas juninas eram as mesmas realizadas antigamente mais para o final do ano e que a Igreja Católica transferiu as datas para os meses de junho e julho para tentar acabar com festas pagãs que ocorriam no século passado. A resposta..., sim meus queridos, mais um sorriso.

Conclusão

Saí da igreja com a mesma serenidade que entrei, preocupado com aqueles jovens e muito mais preocupado com os seus pais. Afinal de contas, não é porque o seu filho se diz evangélico que este estará salvo. Quantos pais foram até a esta e outras igrejas que pregam a “normalidade”, que falam de Deus – que é diferente de falar “sobre” Deus.

Quantos jovens estão ali por verem que podem “servir a Deus” sem fazer renúncias em suas vidas. Deus não deve se adaptar a nós, mas nós devemos nos adaptar a Ele. Servir a Deus é negar-se a si mesmo. Não é mais fazer a nossa vontade mas a vontade de Deus. É deixar de lado esposa, marido, filhos, pais e amar a Deus sobre todas as coisas não colocando nada nem ninguém entre Ele e nós.

Acabei ganhando o título de: “novo convertido de falso moralismo” quando fui usado como tema no sermão daquele culto. Até gostei, pois se é para ser novo convertido e com gana estudar a Palavra de Deus e saber do que eu falo, eu prefiro sempre me permanecer novo. Se é para ter o título de falso moralista e saber discernir entre o que é do mundo e o que é de Deus, obrigado pastor, você me fez um grande elogio.

Não sou o senhor da razão, nem tão pouco digo que o pastor está com segundas intenções, mas as suas atitudes, inclusive intimidatórias, e o seu olhar para como atrair a juventude é algo a se pensar. E se um dia este pastor quiser que eu ou outro irmão pregue em sua igreja sobre Deus e a juventude, me coloco a sua inteira disposição. Se desejar fazer um trabalho de evangelismo para mostrar a sua juventude um cristianismo diferente, também pode contar comigo. Pois afinal de contas, não sirvo a nenhuma denominação, estou a serviço de Deus.


Que Deus ilumine este e outros pastores que fazem de suas igrejas portas para a perdição de nossa juventude.

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