segunda-feira, 11 de março de 2013

A dor e a fé

FreePik
Postado em sua página no FaceBook, um comentário de um grande amigo - embora virtual, me fez parar por alguns instantes os meus afazeres e tentar responder a sua indagação. E se, o verdadeiro Deus ainda é uma incógnita para você, gostaria que parasse e refletisse sobre este texto também.

O desabafo

Pessoas religiosas deviam agradecer ao ficarem doentes, pois deviam compreender que faz parte do plano divino que ela adoeça e eventualmente morra. Ficar pedindo por cura e coisas do tipo soam como ir contra os planos divinos, acredito que seja pecado ir contra a vontade de Deus.

Temos aqui uma situação bem peculiar. O autor – que prefiro não identifica-lo, possui uma certa doença – não contagiosa, mas que merece acompanhamento médico constante. E quando li este texto escrito por ele, senti com se fosse um desabafo. Talvez um texto para expressar a sua raiva ou momento de fúria com a sua situação. Bem se foi este o caso, espero levar a ele um pouco de conforto ou quem sabe a resposta para a sua indagação/ indignação.

Primeiro, vamos separar este texto em duas partes, a primeira: “Pessoas religiosas deviam agradecer ao ficarem doentes, pois deviam compreender que faz parte do plano divino que ela adoeça e eventualmente morra.” E a segunda: “Ficar pedindo por cura e coisas do tipo soam como ir contra os planos divinos, acredito que seja pecado ir contra a vontade de Deus.”

“Pessoas religiosas deviam agradecer ao ficarem doentes, pois deviam compreender que faz parte do plano divino que ela adoeça e eventualmente morra.”

Por que as pessoas adoecem? Podemos ter muitas explicações sobre como uma doença chegou até a uma pessoa. Câncer pelo fato de fumar. AIDS por ter relações sexuais – embora possa ser contaminado durante uma visita ao dentista, etc. Quando olhamos para a doença em si, vemos que a mesma está no nosso meio. Sejamos brancos, negros ou amarelos. Sejamos cristãos ou ateus; católicos ou protestantes. Uma pergunta bem mais difícil seria: Por que uma pessoa boa adoece quando um traficante tem vida sem dor na unha? Então doenças atingem a todas as pessoas. O mal não escolhe a quem irá chegar.

A religiosidade de uma pessoa – vou trocar religiosidade por fé, é um fator decisivo em todas as circunstâncias de nossas vidas. Ninguém, nem eu, nem você, nem o “crente dos crentes”, poderá explanar categoricamente, o motivo pelo qual uma pessoa passa por uma doença ou grande aflição. A nossa mente finita, não pode compreender um Deus infinito. Mas acreditando em um Deus infinito – em sabedoria, poder e ciência, podemos ter ao mínimo uma leve brisa de compreensão sobre vida e morte.

Mas devemos agradecer por sermos “pegues” por uma doença? Não sei se agradecer, mas ficarmos cientes de que – crendo em Deus de todo o coração, mesmo as coisas ruins podem ser uma grande chance de se obter algo de bom. Uma pessoa acomodada com tudo, ao ser acometida por uma doença, poderá fazer desta, uma forma de crescimento como pessoa. Tudo vai depender da sua visão daquele ponto em diante. Tudo vai depender de sua fé.

Todos, dos mais simples até aos mais dedicados estudiosos da Bíblia, sabem que nada acontece sem a permissão de Deus. Por que Ele permite algo de ruim é o problema. Glorificar o nome de Deus quando tudo está bem é muito fácil. Mas quando tudo ao seu redor parece desmoronar erguer as mãos para os céus e agradecer ou até mesmo dizer: “Não sei porque estou passando por isso, mas eu aceito os seus designos” é algo quase humanamente impossível.

Ainda não fui para um, mas o velório de um evangélico é um evento a parte. Lágrimas? Sim temos. Corações aquebrantados? Sim temos. Saudades? Sim teremos e muito. Mas não é raro ouvir pessoas entoando canções de louvor a Deus ao lado do caixão. Pessoas felizes por Deus ter “chamado” aquele ente querido para si – ou indo por uma outra vertente teológica, ir dormir até o Dia do Senhor. Acreditando-se em uma vida pós-morte junto a Deus, evangélicos que levaram as suas vidas voltadas à Ele, encontram conforto nas palavras escritas em Tessalonicenses 4:16 : “Porquanto o Senhor mesmo, dada a Sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro”. Desta forma, a pessoa que morreu com a certeza de sua ressureição não tem – ou não deveria ter, medo da morte.

Mas o que nos faz pedir para sermos curados? O maior dom que uma pessoa pode ter é o amor. Amar de forma incondicional até mesmo aquelas pessoas que nos maltratam é o maior desafio do ser humano. Então, cercados de amigos, esposa, pais, filhos, netos, etc, colocamos a nossa dedicação (amor) a estes acima de tudo. Recentemente, fui pai de uma linda menina (Ananda Patrícia), e tenho um filho de 06 anos (Rafael Lucas). O que eu mais desejo é vê-los crescidos. Então, a minha vontade é que eu fique para fazer de tudo que esteja ao meu alcance para que eles – e muitas outras pessoas, possam ter sucesso na vida. Mas e se a doença chegar antes? Se um acidente me tirar daqui? Não sei como minha família se sentiria, mas o meu desejo – já dito para a minha esposa e aqui reforço a quem ler esta postagem, é que quando eu morrer que seja enterrado no mesmo dia, pois se é para alguém me visitar, venha me ver enquanto eu posso abraçar, sorrir, chorar e devolver o carinho do encontro. E nos dias seguintes, muitas músicas gospel e na mente duas vertentes: Estou junto a Jesus Cristo – que glória!!! Ou estou em sono profundo esperando o dia de seu retorno e minha ressurreição. E, se os meus filhos e minha esposa também chegarem a pensar assim, nos veremos no futuro em um lugar mágico que ninguém consegue descrever. Sendo assim, a saudade pode ser encarada como algo passageiro.

Mas vejam que o orar para nos livrar de uma doença talvez tenha mais um peso. Deus nos deu a vida e é Ele que a tira (como e quando). Então, se enfrentamos uma doença, a nossa atitude frente a ela poderia nos revelar como somos fracos ou fortes. Fracos, nos entregando a mesma e não lutando para estarmos aqui. Fortes, para orar pedindo a Deus e lutando todos os dias para que a nossa saúde seja reestabelecida e assim, obtendo a cura, podermos dar o nosso testemunho nas igrejas, mostrando a todos os outros o poder do nosso Deus.

“Ficar pedindo por cura e coisas do tipo soam como ir contra os planos divinos, acredito que seja pecado ir contra a vontade de Deus.”

Como citado anteriormente, não temos como entender Deus, pois se assim fizéssemos seríamos... Deus. Então, até que tudo se acabe – de uma forma ou de outra, não podemos entender os propósitos de Deus.

Ao orarmos para que Deus faça algo diferente do que acreditamos de verdade, não iremos contra a vontade de Deus. Pelo contrário. Deus nos quer sempre orando/ conversando com Ele. E se nós só podemos fazer isto pela dor, então que assim seja.

Costumo a dizer que sofrimento é tudo igual – embora haja intensidade de dor. Não há como saber se uma mãe sofre mais por um filho do que uma outra na mesma situação. Mas todo o sofrimento pode dar asas a esperança de um dia vermos Deus a frente de tudo isto. E se tivermos esta certeza em nossos corações Ele com certeza não nos abandonará – mesmo na dor.

Não quero dizer com isto que, se fosse comigo, eu não o indagaria. Não perguntaria o motivo, não ficaria um tempo meio que “de mal” com Ele. Mas a força que deveria habitar em nós – e que eu busco todos os dias de minha vida, é a certeza que Ele é capaz de tudo – inclusive de curas milagrosas, nos faz acreditar que nada é por acaso mesmo que seja a dor.

Acredito em um Deus dinâmico que pode mudar a sua situação dependendo de como o buscamos. Um Deus que pode nos levar ao “vale da sombra da morte” e nos tirar de lá por ter outros planos para as nossas vidas. Portanto, se a dor simplesmente existe, esta pode ser um instrumento de Deus para o termos mais por perto.

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