quarta-feira, 27 de março de 2013

Arcebispo católico afirma que pedófilos não devem ser punidos criminalmente pois sofrem de uma “doença”

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Num momento que a Igreja Católica atravessa por mudanças significativas, e que o papa Francisco sinaliza que a pedofilia não será tolerada pelo Vaticano, um dos cardeais que participaram do conclave polemizou a questão.

Numa entrevista à Radio 5, da rede britânica BBC, o arcebispo sul-africano Wilfrid Fox Napier afirmou que não considera a pedofilia uma “condição criminal”, e sim, uma “doença” resultante de traumas psicológicos.

[A pedofilia] é uma condição psicológica, uma desordem. O que você faz com transtornos? Você tem que tentar consertá-los”, disse o cardeal, que revelou conhecer ao menos dois sacerdotes que praticaram pedofilia e que alegavam terem sofrido abusos na infância: “Se alguém ‘normal’ escolher quebrar a lei, sabendo que está quebrando a lei, então eu acho que precisa ser punido”, ponderou.

Sobre a questão em torno de punição a pedófilos, Napier defendeu que eles não sejam responsabilizados criminalmente por também serem vítimas: “Agora não me diga que essas pessoas (pedófilos) são criminalmente responsáveis, como alguém que escolhe fazer algo assim. Eu não acho que você pode realmente tomar a posição de dizer que a pessoa mereça ser punida. Ele mesmo foi afetado [na infância]”, argumentou.

As declarações foram recebidas com indignação por parte de ativistas que lutam contra a pedofilia: “Pode ser que (pedofilia) seja uma doença, mas também é um crime e os crimes são punidos. Os criminosos são responsabilizados pelo que fizeram e o que fazem”, disse Barbara Dorries, que foi abusada por um padre em sua infância e atualmente trabalha em Chicago com uma ONG que aborda o assunto.

Para Barbara, “os bispos e os cardeais contribuíram muito para que esses predadores seguissem em frente, sem serem presos, e também para manter esses segredos dentro da igreja”, pontuou, apontando a falta de punição como algo que contribuiu para que outros casos ocorressem.

O escritor Michael Walsh, autor de uma biografia do papa João Paulo II, o pensamento de Napier já foi comum no alto escalão da Igreja Católica dos Estados Unidos e Reino Unido: “Eles chegaram a acreditar que essa era uma condição que podia ser tratada. Muitos bispos simplesmente mudaram o lugar de atuação de seus sacerdotes e tentaram esconder o fato de que eles tinham cometido esses crimes”, contextualizou.

Por Tiago Chagas, para o Gospel+

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